top of page

Click na imagem ou no texto para ver a matéria completa

Destaque

Transgênicos: expectativa do fim da rotulagem retoma debate

  • Por Raquel Torres, do Outra Saúde
  • 28 de abr. de 2018
  • 21 min de leitura























Não foi o primeiro. Dez anos antes, a médica sanitarista e especialista em meio ambiente Lia Giraldo pediu seu desligamento da CTNBio depois que o milho Liberty Link, da multinacional Bayer, foi liberado. “Participar desta Comissão requereu um esforço muito grande de tolerância diante das situações bizarras por mim vivenciadas, como a rejeição da maioria em assinar o termo de conflitos de interesse; de sentir-se constrangida com a presença nas reuniões de membro do Ministério Público ou de representantes credenciados da sociedade civil; de não atender pedido de audiência pública para debater a liberação comercial de milho transgênico, tendo o movimento social de utilizar-se de recurso judicial para garantia desse direito básico; além de outros vícios nas votações de processos de interesse comercial”, escreveu ela na época.



No ano passado, o Ministério Público Federal recomendou alterações no regimento da CTNBio para evitar conflitos de interesses e aumentar a transparência. A assessoria de imprensa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (o Mctic, ao qual a Comissão se vincula) informou ao Outra Saúde, por e-mail, que em 2016 a CTNBio já havia começado a revisão de seu regimento interno. Disse também que as sugestões do MPF foram “submetidas à avaliação da Consultoria Jurídica do Mctic” e a “votação pela Comissão”, e que “a proposta de alteração de Regimento Interno ainda está sob nova avaliação jurídica e quando concluída será aprovada pelo plenário da Comissão e publicada no Diário Oficial da União”, mas não informou quais serão as mudanças.








Ele diz que um bom exemplo é o de uma variedade de arroz, resistente a algumas doenças e mais produtiva, que foi lançada no Brasil nos anos 1980. Mas, quando começaram a processar os grãos industrialmente, trabalhadores tiveram sintomas de asma, como resultado de uma alergia a uma proteína daquele arroz. “Ela vinha de um arroz silvestre usado nos cruzamentos que levaram àquela variedade nova. Muitas variedades silvestres têm toxinas que vão sendo eliminadas ao longo do tempo durante os cruzamentos, porque o homem vai selecionando. Mas ninguém precisa analisar a segurança disso no Brasil. Uma variedade obtida por melhoramento genético, naturalmente, é considerada segura a priori”, compara. O melhoramento genético é diferente da transgenia: trata-se da combinação de duas plantas por meio de cruzamento sexual, feita por agricultores há milhares de anos.






“Para decidir usar ou não essa semente, é preciso comparar o custo-benefício. Se há histórico de perdas por essa lagarta, qual é a outra opção? Aplicar inseticida. Todos os inseticidas, mesmo os aceitos pela agricultura orgânica, matam outros animais além do alvo. No caso da semente transgênica, o protocolo de biossegurança compara os efeitos com organismos que não são o alvo e, se matar outros insetos ou lagartas, a semente não passa. De maneira que é uma toxina bem específica. E os receptores daquela proteína não estão presentes em seres humanos, então não há riscos — mesmo assim esse risco é testado”, defende Aragão, ponderando: “É seguro para absolutamente todos os insetos? Não sei, não é possível testar com todos os insetos que existem. Mas se testa com vários”.


































A verdadeira saída, de acordo com eles, é pela via da agroecologia, que trabalha com recursos adaptados aos ecossistemas e, portanto, está menos sujeita à necessidade de grandes intervenções tecnológicas (como o custoso desenvolvimento de novas plantas porque as anteriores encontraram insetos resistentes, por exemplo). “É importante dizer que, no início do mês, aconteceu o 2o Simpósio de Agroecologia da FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, na sigla em inglês], que discutiu como a agroecologia pode contribuir para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável. Nesse simpósio, os países refletiram o quanto sistemas agroalimentares, a distribuição e o consumo de alimentos são responsáveis por grandes problemas. E como mudar os sistemas é fundamental para alcançar vários dos objetivos. Isso significa interferir na questão dos transgênicos”, conta Petersen.












 
 
 

Comments


Posts Recentes
bottom of page