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Pantanal: em breve, um imenso campo de soja?

  • Foto do escritor: Verde Vida
    Verde Vida
  • 25 de mar. de 2017
  • 12 min de leitura













Mas isso não quer dizer que não existam pesticidas no Pantanal. Na verdade nós não sabemos muito sobre isso, porque não há programas de monitoramento, mas sabemos que nas regiões em volta do Pantanal tem bastante soja. No Cerrado e em toda a região do planalto que está junto ao Pantanal, tem muita soja, milho, e para manter essas plantações são utilizados muitos fertilizantes, como Roundup. Esses pesticidas já foram encontrados em sedimentos, ao serem analisados por programas de pesquisa. O que sabemos é que quanto mais perto esses pesticidas estão do Pantanal, mais provável é que eles passem a estar no próprio Pantanal. Agora, para termos mais informações, seria preciso ter programas de monitoramento, porque o Pantanal é um patrimônio nacional. Essa questão teria que ser pensada pelo poder público, porque as universidades acompanham a situação da região, mas não é missão da universidade fazer monitoramento da qualidade da água do Pantanal.





Na Amazônia a situação é um pouco diferente, porque a chuva que ocorre tanto no Rio Grande do Sul como no Pantanal, depende da Amazônia. Então, à medida que se desmata a Amazônia para se plantar pasto ou soja, as chuvas diminuem, isso porque essas novas plantações não têm a mesma capacidade de gerar chuva que a floresta tem. Então, o Pantanal, para existir, depende do ciclo das águas, ou seja, tem que chover bem durante uma parte do ano para que o Pantanal exista. Em Cuiabá, por exemplo, às vezes ficamos 120 dias sem chuva; 90 dias é bastante comum. Se a chuva minguar durante o período das cheias, não tem inundação, e se não tem inundação, não tem mais Pantanal. É a inundação anual que faz com que o Pantanal seja como ele é. Desde a década de 70 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE já mostrou que as chuvas no Sul, no Centro-Oeste e no Sudeste dependem da Amazônia.




Que eu saiba não há incentivos diretos na forma de um programa, como ocorreu nos anos 70 para abrir o Cerrado, via o Proálcool, por exemplo. Apesar disso, as pessoas decidem investir na agricultura por conta da rentabilidade, porque veem isso como uma operação comercial. Como todo mundo sabe que a rentabilidade da soja é grande, é fácil conseguir dinheiro para iniciar essa atividade e na sequência estabelecer uma fazenda e começar a produção. Muitas pessoas que vivem em cidades como Lucas de Rio Verde (MT) fizeram isso: migraram quando o Cerrado já estava aberto para produção agrícola, mas ainda tinha terra, e investiram nesse tipo de atividade. Hoje em dia a situação é mais difícil, porque a terra é muito mais cara nessas regiões. Na fronteira com a Amazônia, a terra não tem tanto valor, mas há um movimento de expansão que é ligado ao capital.










De todo modo, os impactos cumulativos não são vistos no estudo de impacto ambiental e ainda não temos nenhuma estratégia implementada para verificar esses efeitos. Apesar disso, podemos observar que cada uma dessas PCHs gera um impacto sobre a rota dos peixes, que muitas vezes são comercializados: na bacia do Paraná quase não existem mais peixes para serem pescados, o que indica que na parte do Alto Paraguai é provável que aconteça o mesmo. Cada uma dessas barragens gera um impacto sobre a hidrologia dos rios. Será que isso será suficiente para causar algum impacto no Pantanal de modo geral? Essa é uma questão a ser estudada. Mas com certeza cada uma dessas barragens capta sedimentos e nutrientes que deveriam chegar ao Pantanal, e os efeitos disso são conhecidos no resto do mundo: quando tiramos sedimentos dos rios, eles vão invadir outro lugar. Então, se o Pantanal é uma planície de deposição e começa a ser erodido, isso terá impactos. Mas a questão é que não temos estudos para prever isso por enquanto.










O Pantanal, nessa questão que é ligada às mudanças climáticas, tem uma função interessante: como é uma planície alagada, no Pantanal evapora bastante água, e para evaporar, a água precisa de calor, assim, de certa forma, o Pantanal funciona como um sistema de refrigeração. Mas aí você vai perguntar como o Pantanal funciona como um sistema de refrigeração, se lá faz tanto calor. O ponto é que sem água, o calor seria ainda mais intenso e a seca seria ainda mais dura. Justamente por isso, é fundamental preservar esse regime hidrológico no Pantanal com inundações extensas. O aquecimento global, nos próximos anos, vai aumentar muito as ondas de calor e a tendência é que o mesmo ocorra no Pantanal. Então, dado que o Pantanal é suscetível a mudanças climáticas, temos que preservá-lo, e essa preservação pode ser feita com o envolvimento das populações locais, que serão as mais atingidas.





 
 
 

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